18/6/2008 - Valor Econômico
Varejistas e empresas de serviços - nacionais e estrangeiras - saem em busca de franqueados pelo Brasil afora. A expansão da indústria de shoppings para regiões distantes do eixo Sul-Sudeste e a vinda de cadeias internacionais para o Brasil, que transformou-se em um novo "eldorado" para as multinacionais após a desaceleração do consumo nos EUA e Europa, criaram uma demanda adicional por operadores dispostos a colocar a "barriga no balcão".
Participarão da feira da Associação Brasileira de Franchising (ABF), que se realiza na semana que vem em São Paulo, 18 delegações estrangeiras. E o cardápio de empresas que estão procurando oportunidades no país é o mais variado possível. A lista inclui desde grandes cadeias, como a rede americana de fast-food Wendy's, até uma empresa espanhola especializada em arte funerária em pedra.
Não só as empresas estrangeiras que querem vir ao país. As redes nacionais também passaram a cortejar franqueados para se estabelecer nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde os grandes grupos, como Multiplan, Br Malls, Ancar e Sonae Sierra, estão construindo shoppings ou compraram os empreendimentos existentes.
Algumas redes têm metas ambiciosas. A marca de moda feminina Enjoy, do Rio, possui 33lojas e quer chegar a 60 em 2010. Outra rede carioca, a Aviator, de vestuário masculino, prevê aumentar seu parque dos atuais 17 para 40 pontos-de-venda em cinco anos.
O desenvolvimento de novas varejistas é crucial para os shoppings, sobretudo porque o modelo de ancoragem em megalojas começa a ser colocado em xeque. Segundo Marcos Gouvêa de Souza, consultor especializado em varejo, há uma forte tendência de migração da demanda, antes dirigida aos produtos, para os serviços, o que irá mudar a "cara" dos shopping centers.
Segundo Ricardo Camargo, diretor executivo da ABF, o número de redes que ingressaram no sistema de franquia saltou de 971 em 2005, para 1,013 mil em 2006 e 1,197 mil em 2007. Espera-se que este volume se estabilize daqui para frente. O maior problema continua sendo o acesso ao crédito pelos franqueados, situação que pode agravar-se com a alta da inflação e dos juros. "O setor está em compasso de espera para saber qual será a dose aplicada pelo governo do remédio para combater a inflação", disse Camargo. Espera-se que essa dose seja moderada. Hoje, afirma Camargo, os franqueados só contam com linhas de crédito de bancos estatais - Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste. As taxas variam de 6,5% a 8% ao ano, mas chegam a 5,5% no Banco do Nordeste.
Para driblar obstáculos, como um eventual mal-estar entre as indústrias e os seus clientes varejistas, estão surgindo novas formas de franquia. A MBr, que já é a maior revendedora de calçados da marca Melissa no Rio, acaba de lançar uma nova franquia, chamada Jelly, com a "benção" da Grendene, a dona da marca. A idéia é expandir a franquia, cujo carro-chefe será a linha Melissa, para todos os Estados do país. A Grendene, embora seja parceira do projeto, não terá vínculo direto com os franqueados, explica Ronaldo Viana, sócio da MBr e da Jelly. Desta forma, dizem fontes do setor, a Grendene amplia seu canal de venda, mas não cria atritos com as lojas que já vendem seus produtos.
A cadeia americana de fast-food Wendy's chegou a colocar anúncios em jornais à procura de um só investidor com capital de R$ 10 milhões para estabelecer a empresa nos três Estados do Sul. "Recebemos muitas propostas", afirmou, ao Valor, Jorge Wesley, executivo contratado pela Wendy's para desenvolver novos mercados na América Latina. O processo de seleção e as negociações podem demorar de seis a nove meses. A expectativa da rede, que nunca esteve no Brasil, é abrir 45 lojas "em seis ou sete anos", disse Wesley. "A Wendy's traçou como estratégia expandir-se internacionalmente", explicou o executivo.
sábado, 21 de junho de 2008
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