terça-feira, 24 de junho de 2008

Tetra Pak investe R$ 80 mi em fábrica de SP



Valor Online - André Vieira - 24/06/2008


Com a visão de sustentar o crescimento de sua produção para os próximos anos, a Tetra Pak anuncia hoje um investimento de R$ 80 milhões em sua fábrica de Monte Mor (SP), o valor mais alto aplicado pela companhia de origem sueca no país desde a construção da sua segunda unidade em Ponta Grossa (PR), ocorrida no início desta década.

A fabricante importará dois novos equipamentos - uma impressora e uma laminadora, a máquina capaz de montar as folhas das embalagens tipo longa vida, formadas por papel cartão, alumínio e plástico.

Os equipamentos, que elevarão a capacidade de produção da empresa no país em 25%, devem começar a operar até a metade de 2009, concluindo a última etapa de ampliação da fábrica, aberta em 1978. A Tetra Pak empregará mais 69 pessoas na unidade.

"É uma grande expansão no nosso setor. Vamos passar a produzir 15 bilhões de embalagens por ano", disse o executivo Paulo Nigro, de 47 anos, presidente da subsidiária brasileira. De volta ao país desde abril de 2007, depois de quase uma década comandando as subsidiárias da Tetra Pak no Canadá e Itália, Nigro expôs ao Valor o plano estratégico da empresa para os próximos cinco anos.

"Meu desafio é colocar essa empresa em um novo patamar", disse Nigro. A subsidiária brasileira - que produziu mais de 12 bilhões de embalagens em 2007, perdendo em volume apenas para a operação da companhia na China - é considerada um dos exemplos de sucesso do grupo.

Em 1990, um ano antes de Nigro ingressar como gerente de vendas na empresa, a operação local faturava US$ 50 milhões. Em 2007, o número saltou para US$ 1,5 bilhão. Boa parte deste crescimento é creditada a Nelson Findeiss, o primeiro brasileiro a comandar a empresa sueca no país no início dos anos 90.

Foi quando o uso de embalagens longa vida se disseminou no país, principalmente no mercado de leite, habituado a comercializar o produto em sacos plásticos, sujeitos a rasgos e vencimento mais curtos no prazo de validade. Das quase 10 bilhões de unidades vendidas hoje no mercado interno, mais da metade representam o mercado de lácteos.

Nigro, que sucedeu Findeiss ao longo do ano passado também nos cargos de responsável pelas operações da empresa na América do Sul e Caribe, avalia que o consumo per capita ainda é baixo. "São 25 litros por habitante. É simplesmente nada diante do potencial de crescimento", disse o executivo.

Mas otimista com a perspectiva para a economia brasileira, Nigro conseguiu medir o termômetro dos clientes na Fispal, a feira de alimentos, realizada em São Paulo no início deste mês. "No meio da feira, ninguém teve preocupação com o anúncio do aumento de juros", disse, acrescentando que a empresa firmou contratos recordes com clientes durante a feira.

A fabricante assinou US$ 90 milhões em acordos para o processamento e empacotamento de produtos para os próximos 12 meses - o valor no período anterior havia somado US$ 50 milhões. "Estamos aumentando a produção no momento adequado", disse. "A falta de capacidade de produção é o pior de todos os concorrentes." A idéia é que a demanda seja atendida em três anos com a nova capacidade. Caso necessite, parte das exportações, que hoje representam cerca de 25% do volume produzido, poderão ser direcionadas ao mercado doméstico.

Mas, além da expansão da fábrica, a Tetra Pak contratou gente para lidar com os clientes (que inclui engenheiros de alimentos e microbiologisas) e abriu vagas para busca de mais profissionais para sustentar o crescimento. Além disso, a fabricante decidiu focar em regiões de grande potencial, onde o consumo de embalagens é menor, e desenvolver novos produtos.

Segundo Nigro, a idéia é resgatar a fórmula de regionalização dos escritórios comerciais, como já aconteceu até meados dos anos 90. Ele conta que essa estratégia no passado fez surgir novos produtos para serem embalados. Foi o caso dos sucos de frutas ou à base de soja, tomates e outros produtos sólidos. Mas a empresa mudou seu foco e decidiu centralizar essas áreas de desenvolvimento em seu escritório central, em São Paulo.

Agora, os escritórios regionais, oito ao todo, espalhados pelas principais capitais, além do Paraguai (que faz parte da operação brasileira), incluem também técnicos das áreas de projetos, engenharia e gestão de vendas, todos voltados ao suporte de clientes. As equipes de vendas e assistência técnica foram reforçadas nestas filiais.

Para capacitar uma quantidade maior de novos engenheiros e técnicos recém-contratados, a Tetra Pak "importou" uma academia de treinamento, que funcionava exclusivamente na Suécia. Antes havia a necessidade de enviá-los para a matriz. Com o centro de estudos avançados, o tempo de treinamento dos atuais 41 técnicos está sendo reduzido para um terço, ou oito meses. A dificuldade, segundo Nigro, tem sido em recrutar novos técnicos. "Temos 30 vagas em aberto, e estamos colocando anúncios em Portugal, Angola e Colômbia."

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