REVISTA ISTO É DINHEIRO - 27/06/08
NOS ÚLTIMOS MESES, ALEXANDRE TADEU Costa, dono da Cacau Show, tem recebido constantes ligações de investidores, nacionais e estrangeiros. Não se trata de uma novidade. "Já conversei com dezenas deles. De cada cinco, ouço um. Eles insistem, mas eu digo que não me interessa fazer negócio", afirma ele. Logo na primeira conversa telefônica, Costa apresenta a empresa ao interessado. "Temos 416 lojas, faturamento de R$ 100 milhões e cada centavo investido vem do nosso bolso. Nem dinheiro do BNDES nós temos. E não precisamos de qualquer sócio por aqui." É um balde de água fria nos planos dos fundos de investimento.
Em geral, esses fundos funcionam como uma espécie de pronto-socorro de companhias em crise. Injetam dinheiro nelas, põem a gestão de cabeça para baixo e, quando a operação deslancha, recuperam o investimento com IPOs milionários.
A questão é que também há gente pronta para investir em negócios sadios e uma sociedade com a Cacau Show cairia como uma luva. "Estamos pensando se um IPO pode ser interessante. É possível que, antes disso, o negócio tome outro rumo", diz. É o que se comenta no mercado. A maior rede brasileira de chocolates finos pode se expandir por meio de uma aquisição ou fusão.
A aposta do momento é a Casa Suíça, fabricante de bolos coligada à Wickbold, e vizinha de fábrica da Cacau Show, em Itapevi (SP). A Casa Suíça fabricou os 500 mil panetones vendidos pela Cacau Show no último Natal. "Já disse a eles que, quando chegarmos a um milhão, vou fazer o meu panetone", diz Costa. "A ampliação do portfólio de produtos deve acontecer. Tenho espaço para mais uma fábrica", diz ele, ao apontar para o amplo terreno vazio, ao lado da unidade de Itapevi.
O plano de expansão seria mais ambicioso do que ele ousa dizer. Quem o conhece garante que ele tem um desejo quase inconfessável. O empresário de 37 anos sonha em adquirir um dia a Kopenhagen. É isso mesmo: a marca de chocolates finos, com 231 lojas, crescimento acima de 230% em seis anos e comandada pela jovem Renata Vichi (que não pensa em se desfazer do negócio). "Quero fazer o meu jogo e, nele, estão previstas mil lojas e faturamento de R$ 300 milhões em 2010", desconversa Costa. Com a Kopenhagen, conseguiria atingir o consumidor de classe alta.
Com Renata à frente, a Kopenhagen chegou a ser a maior rede de franquias de chocolates finos do País. Em 2005, a empresa tinha 207 unidades e a Cacau Show (que abriu o primeiro ponto em 2001) somava 181 lojas. A virada aconteceu no ano seguinte e hoje a diferença é de 185 pontos de venda. "Eles não me incomodam. Basta ver o índice de mortalidade deles e a qualidade do chocolate. A minha concorrência é Godiva, Offner", diz Renata. Costa sai em defesa do negócio. "Temos os mesmos fornecedores. Dou o telefone para você confirmar", diz, sem se exaltar.
A tranqüilidade é a mesma com que ele fala de assuntos espinhosos, como os primeiros anos em que começou a tocar a empresa, criada numa sala de três metros por quatro, no escritório da família, na zona norte de São Paulo. De lá para cá, foram 20 anos (ele começou aos 16) e alguns quilinhos a mais. "Como chocolate o dia inteiro, mas não ando fazendo ginástica, sabe?", confidencia.
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