quarta-feira, 25 de junho de 2008

Varejo busca opções para bancar expansão

Valor Online - Claudia Facchini - 25/06/2008

A alta da inflação tornou mais nebuloso o cenário para as varejistas que pretendem vender ações na bolsa e acelerar o seu processo de expansão. Entre as redes que planejam bater às portas do mercado de capitais estão o Magazine Luiza, de Franca (SP), e a cadeia de supermercados Sonda, que possui uma forte presença na capital paulista. Segundo fontes do setor, o Magazine Luiza analisa retomar os planos de abertura de capital em 2009.

O diretor executivo do Sonda, Roberto Moreno, afirma que a empresa também tem como meta lançar ações no ano que vem. No entanto, as ações das varejistas estão sendo duramente castigadas pela alta da inflação e pela leve desaceleração do consumo, um efeito que contaminou não só o Brasil, mas como outras partes do mundo, em especial nos EUA.

Os analistas de commodities não vislumbram uma reversão na tendência de alta nos preços das matérias-primas, pelo menos nos próximos meses, o que deve manter os índices de inflação sob pressão. Mas a reação dos investidores é considerada exagerada. Recentemente, o presidente da Renner, José Galló, afirmou que, muitas vezes, os investidores simplesmente "transportam" para o Brasil o que acontece nos EUA, colocando os fundamentos locais em segundo plano.

Ontem, muitas empresas de consumo figuraram na lista das maiores baixas no Ibovespa - as ações da Renner caíram 3,95%. Em 12 meses, os papéis da varejista acumulam queda de 6,9%, enquanto o Ibovespa subiu 18,2%.

O mau humor do mercado pode levar as varejistas que não estão listadas na bolsa a considerar outras alternativas. E o caminho mais curto é a venda do controle acionário para um grande grupo do setor. Segundo fontes do mercado de fusões e aquisições, algumas cadeias de supermercado de porte intermediário voltaram a conversar com potenciais compradores - Carrefour, Grupo Pão de Açúcar, Wal-Mart e Cencosud.

Moreno, do Sonda, nega que os controladores do Sonda tenham interesse em vender a empresa neste momento. Segundo apurou o Valor, os sócios da varejista teriam pedido um valor bastante elevado, considerado inviável. "Redes de porte intermediário, como o Sonda, o Bretas ou o Zaffari, são avaliadas por um preço superior ao das demais cadeias pelo seu alto valor estratégico para os grandes grupos", disse Moreno.

Há cerca de 10 anos, a rede passou por uma reestruturação societária. Hoje, seu capital está distribuído, meio a meio, entre dois irmãos, Idi Sonda, de 65 anos, e Deocir Sonda, de 60 anos. Segundo Moreno, o Sonda passa por um acelerado processo de expansão. Neste ano, serão abertas sete lojas, um recorde para a varejista, que possui 15 supermercados. Moreno projeta romper a barreira de R$ 1 bilhão em vendas em 2008. "Podemos chegar a R$ 1,2 bilhão". Em 2007, o Sonda faturou R$ 832 milhões.

"Estamos fazendo o dever de casa para lançar ações", diz Moreno. A empresa possui hoje uma holding, a Sonda Participações, que controla a rede de supermercados. Enquanto isso não acontece, a empresa buscou opções de financiamentos para bancar a expansão, como as operações indexadas ao dólar, que hoje têm um baixo custo.

Nenhum comentário: